Perto de encerrar seu mandato, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tomou uma decisão marcante ao permitir que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance fornecidos pelos americanos contra a Rússia. A informação foi divulgada pelo jornal The New York Times e representa uma mudança significativa na política de armamentos dos EUA em relação ao conflito, que começou com a invasão russa em fevereiro de 2022.
Razões para a Mudança na Política
A decisão reflete uma resposta direta à recente entrada de tropas norte-coreanas no conflito, em apoio à Rússia. Esse movimento pressionou os aliados ocidentais da Ucrânia a repensarem suas estratégias. De acordo com o The New York Times, os mísseis de longo alcance devem ser empregados pela Ucrânia contra alvos russos e norte-coreanos na região de Kursk, localizada no oeste da Rússia.
Até agora, os Estados Unidos haviam imposto restrições ao uso de mísseis dessa categoria por parte da Ucrânia, temendo uma possível retaliação russa. O presidente Vladimir Putin já havia alertado que a introdução de armamentos desse tipo poderia alterar drasticamente o rumo da guerra, inclusive insinuando a possibilidade de testes nucleares como forma de resposta.
Impactos da Decisão e Mudança de Contexto Político
Durante a maior parte de seu mandato, Biden adotou uma postura prudente em relação ao envio de armamentos mais poderosos à Ucrânia, buscando evitar uma escalada do conflito. No entanto, a vitória recente de Donald Trump nas eleições presidenciais nos EUA trouxe uma nova dinâmica ao cenário político. Trump, crítico do apoio financeiro e militar à Ucrânia, prometeu resolver o conflito em “24 horas”, embora não tenha apresentado detalhes sobre como pretende alcançar esse objetivo. Ainda não está claro se ele revogará a autorização de Biden quando assumir a presidência em janeiro.
Além disso, a intensificação dos combates na Ucrânia desde maio, com avanços significativos das tropas russas, levou os EUA e a Otan a reconsiderarem suas limitações no envio de armamentos. A liberação dos mísseis de longo alcance demonstra uma postura mais firme por parte dos americanos diante da escalada do conflito.
Repercussão Internacional e Possíveis Desdobramentos
A decisão de Biden ocorre em meio a um contexto de tensões crescentes entre os blocos liderados por EUA e Rússia, com o envolvimento de países europeus e asiáticos. Fontes ligadas ao The New York Times destacaram que, embora exista o temor de uma reação mais agressiva de Putin, a necessidade de reforçar a posição da Ucrânia foi considerada prioridade pelos aliados ocidentais.
Nas últimas semanas de outubro, as forças russas avançaram significativamente em território ucraniano, o que desencadeou uma resposta imediata dos aliados de Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apresentou um “plano de vitória” aos EUA e ao parlamento de seu país, reforçando a urgência de um apoio militar mais robusto e contínuo.
Essa decisão marca um momento decisivo no conflito, com potenciais repercussões de longo alcance para a geopolítica global.